quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Entrevista


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quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Azul e Encarnado


[...]" Está feliz, não se importa de encerrar esse capitulo de sua vida passada, não se importa com a sacola enchendo – se de vestidos que ele nunca mais vai pôr, vai dar para as suas colegas que ainda têm um futuro nessa profissão, que ela agora quer espaço para a roupa do seu homem, seu homem! , nunca pensou chegar um dia a dizer assim com orgulho e alegria, que ele vem viver com ela, mas não pensa em ser seu dono, é seu carinho,seu berço , seu amigo, seu irmão , é seu verdadeiro amor, já não teme que ele fuja. Ah! Irene, que loucura,bem você que era tão dura, desencantada de tudo, que de todo amor zombava, como é que agora ficou assim tão tola e singela, acreditando em enredo que até parece novela que a gente sabe que é falsa , feita de artista fingindo em casas de papelão ?Irene ri de si mesma, mas sabe que o sentimento que hoje tem é verdadeiro, chegou tarde mas é bom e ela quer goza-lo, até a ultima gota."[...]

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Amarelo e bonina


[...]"Irene mal acredita no que ouve, aquele homem, Nem-ninguém ou Curumim, seja lá como se chame , quer levá-la a passear! não tem vergonha de andar com mulher -dama na rua!, já despe o vestido verde,escolhe cor de bonina,quase novo,pouco usado,guardado como promessa de alguma coisa melhor que o dia-a-dia cinzento em que vive há tanto tempo, desde que pegou a doença e foi perdendo a esperança , pinta-se, não como sempre, para enganar os fregueses, mas de leve , cores claras como da primeira vez, no dia em que ficou moça e foi para a festa da igreja pensando em ver Romualdo,ai, saudade,Romualdo! onde andará Romulado?
Rosálio oferece o braço, onde a mulher pousa de leve a mão que brilha com as unhas pintadas cor de bonina como o vestido, e é ela quem vai guiando, quem sabe mais da cidade, vão no rumo da estação, que depois há um parque ainda deserto a esta hora, onde o sol, furando as árvores, salpica pelas calçadas poças de luz amarela[...]"

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Cinzento e Encarnado


"Das fomes e vontades do corpo há muitos jeitos de se cuidar porque, desde sempre, quase todo viver é isso, mas agora, crescentemente, é uma fome da alma que aperreia Rosálio, lá dentro, fome de palavras, de sentimentos e de gentes, fome que é assim uma sozinhez inteira, um escuro no oco do peito, uma cegueira de olhos abertos e vendo tudo o que há para ver aqui , nenhum vivente , nem formiga ,um cheiro de nada, as paredes ressecadas tábuas cinzentas, os montes de brita e de areia ,cinzentos , a enorme ossada de concreto armado , sem cor , os edifícios proibindo qualquer horizonte, um pesado teto cinzento e baixo ,tocando o topo dos prédios , chapa de nuvens de chumbo que não se movem, não desenham pássaros ,nem ovelhas , nem lagartos, nem caras gigantes ,não trazem nenhum recado,e isso é tudo o que há para se ver, sem conhecer nem nascente nem poente , nem manhã nem tarde , tudo tão aqui,tão perto que a vista logo ali bate e volta, curtinha,sem se poder estirar mais longe, nem para fora nem para dentro , revolteando como passarinho há pouco engaiolado , afogando- se em cegueira. Tudo tão nada que Rosálio nem consegue evocar histórias que o façam saltar para outras vidas, porque seus olhos não encontram cores com que pinta-las.Fome de verdes , de amarelos, de encarnados.”
(Rezende,maria valéria.O vôo da guará vermelha,cpI,pg11)